• Cuidados com Endoscopia ou Colonoscopia para pacientes com Angiodema Hereditário

    Sempre que for necessário realizar uma endoscopia ou colonoscopia, é necessário realizar a profilaxia, devido ao risco de edema.

    O ideal é que, a uma hora antes do procedimento, seja aplicado o inibidor de C1.

    Caso este medicamento não esteja disponível, utilizar andrógenos (danazol) ou agentes antifibrinolíticos (ácido tranexâmico), iniciando 5 dias antes do procedimento e mantendo por 2 a 3 dias após.

    Em último caso, o plasma fresco pode ser uma opção, devendo ser aplicado duas horas antes do procedimento.

    Independente do tipo de profilaxia utilizada, é indispensável ter DUAS DOSES da medicação para tratamento da crise de Angioedema Hereditário estejam disponíveis.

  • Novos medicamentos KVD 824 e KVD 900:

    São medicamentos na forma de pequenas moléculas que atuam inibindo seletivamente a calicreína, substância envolvida na geração do angioedema nos pacientes com angioedema hereditário. Ambos são administrados por via oral e ainda estão em fases de estudo.

    O KVD 824, uma vez aprovado, poderá ser utilizado para a profilaxia a longo prazo. Atualmente encontra-se em fase de estudo para a avaliação da eficácia e segurança da profilaxia em adultos com angioedema hereditário tipos I e II.

    O KVD 900, uma vez aprovado, poderá ser utilizado para o tratamento das crises. Atualmente estão sendo recrutados adolescentes (>12 anos) e adultos com angioedema hereditário tipos I e II para a avaliação da eficácia e segurança do medicamento no tratamento das crises. O término do estudo está previsto para outubro de 2023 (clinicaltrials.gov).

    Ainda não existe uma previsão para a liberação e uso destes medicamentos pelos pacientes no Brasil.

    Artigo elaborado por: Dra FERNANDA PINTO MARIZ

  • Edema de glote X procedimentos dentários

    Os tratamentos dentários, bem como os procedimentos que envolvem a manipulação da boca e garganta, como endoscopia digestiva alta, broncoscopia e intubação podem provocar crises de edema na glote.

    Antes de realizar esses exames ou procedimentos, você deverá avisar seu médico alergo-imunologista e também deve informar ao profissional que realizará o exame ou procedimento que você tem Angioedema Hereditário. O ideal é que você faça uso de medicamentos para prevenir uma possível crise. O concentrado do inibidor de C1 esterase por via venosa é indicado na profilaxia de curto prazo, uma hora antes do procedimento e quando ele  não está disponível, utiliza-se o plasma fresco congelado, ou ainda, os hormônios masculinos atenuados (danazol ou oxandrolona). Esses últimos são administrados por via oral e devem ser iniciados cinco dias antes e mantidos por dois a três dias após o procedimento.

    Artigo elaborado por: Dra. Fernanda Marcelino

  • Cuidados que o paciente de AEH deve tomar ao viajar para o exterior

    Se você planeja viajar a negócios ou a lazer e tem Angioedema Hereditário, há algumas considerações importantes para ajudá-lo a se preparar para uma viagem segura e bem-sucedida:

    1) MANTENHA A MEDICAÇÃO À MÃO
    Certifique-se de que sua medicação de crise ou profilaxia esteja sempre com você e facilmente acessível na sua bagagem de mão. Nunca despache seu medicamento na mala, pois pode ser perdido, atrasado ou danificado.


    2) LEVE UM RELATÓRIO DO MÉDICO
    É recomendável levar um relatório do médico autorizando-o a transportar sua medicação para Angioedema Hereditário a bordo do vôo e levar também uma receita do tratamento preconizado.


    3) ENCOMENDE ANTECIPADO
    Certifique-se de ter medicamentos suficientes disponíveis para sua viagem e por um curto período de tempo após o retorno.


    4) CONHEÇA OS HOSPITAIS
    Obtenha informações sobre as opções de assistência médica no seu destino e ao longo da sua rota, caso seja necessário.


    5) NO VÔO
    Use roupas confortáveis, evite roupas justas e adereços que possam causar traumas localizados. Levante-se e movimente-se durante a viagem.


    6) APROVEITE O PASSEIO
    Os ataques de AEH podem ser desencadeados pelo estresse. Usar essas etapas para planejar com antecedência o ajudará a se sentir no controle e mais relaxado quando chegar a hora de viajar.

    Artigo elaborado por: Dra. Fernanda Marcelino

  • Efeitos colaterais mais comuns de algumas medicações para tratamento do Angioedema Hereditário

    1) DANAZOL
    Na maioria dos casos, os efeitos colaterais com Danazol são previsíveis e reversíveis, e reações sérias são raras. Efeitos colaterais mais comuns são: aumento do apetite e ganho de peso, labilidade emocional, ansiedade, ânimo deprimido, nervosismo, alteração da libido, cefaléia, tremores e fasciculação, rubor cutâneo, alteração voz, náuseas, erupções que podem ser maculopapulares, petequiais ou purpúricas e podem ser acompanhadas de febre. Também tem sido reportados edema facial e fotossensibilidade, acne, seborréia, hirsutismo e perda de cabelo, dor lombar, cãibras, dor nos membros, dor e edema articular.

    2) Oxandrolona

    Efeitos colaterais nas mulheres : Desregulação da menstruação; Aumento do apetite; Queda de cabelo e fios mais oleosos; Retenção de líquido; Perda de libido; Aumento do risco de trombose; Mau humor;Diminuição do tamanho dos seios; Aumento do clitóris

    3) ÁCIDO TRANEXÂMICO
    De modo geral, Ácido Tranexâmico é bem tolerado. Reações comuns são náuseas, vômitos, dor epigástrica e diarréia. Em caso de dificuldade para identificação das cores, o medicamento deve ser descontinuado.

    Artigo elaborado por: Dra Janaina Fernandes S. Ferreira

  • 16 de maio dia da conscientização do angioedema hereditário

    O dia 16 de maio é dedicado a conscientização do angioedema hereditário. Em 2021 será um marco importante pois essa celebração completa 10 anos.

    O angioedema hereditário é uma doença genética rara autossômica dominante onde os indivíduos afetados são heterozigotos. A frequência média de acometimento é de 1: 50.000. Caracteriza-se pelo aparecimento de edemas na região subcutânea e submucosa do trato digestório e respiratório superior. Os sintomas geralmente iniciam na infância e exacerbam na idade reprodutiva, principalmente nas mulheres. Embora tenha sido descrito no final do século 19 com a denominação de edema angioneurótico, ainda é uma condição subdiagnosticada no século 21. Ocorre um atraso no diagnóstico dessa condição e muitos pacientes são tratados como portadores de processos alérgicos resultando numa perda significativa da qualidade de vida.

    Os pacientes apresentam diferente gravidades das manifestações clínicas entre as famílias afetadas, porém até dentro das mesmas famílias, onde os indivíduos tem a mesma mutação, existe uma heterogeneidade de quadros clínicos. Portanto, fatores epigenéticos devem contribuir para a expressão clínica da doença. A maior parte dos sintomas se constitui em edemas submucosos afetando os membros e a face associados ou não a sintomas digestivos, porém a complicação mais temida é o edema de vias aéreas superiores que pode resultar em óbito por asfixia se não for adequadamente tratado. Esses sintomas aparecem após fatores desencadeantes principalmente trauma, stress, uso de alguns medicamentos, infecções ou sem fator desencadeante determinado.

    Existem dois tipos de angioedema hereditário: com deficiência da proteína plasmática C1-inibidor e sem deficiência dessa proteína. O primeiro grupo corresponde aos pacientes descritos originalmente onde ocorre mutação no gene SERPING1 já tendo sido descritas mais de seiscentas mutações nesse gene. No segundo tipo, descrito há uns 20 anos, atualmente já se encontra associado com mutações em seis genes distintos, mas ainda com diversos pacientes sem mutação genética conhecida.  O modo de transmissão é similar nos dois tipos de angioedema hereditário, porém alguns pacientes podem não ter história familiar e serem os primeiros casos da mutação, o que dificulta o diagnóstico.

    O tratamento desses pacientes avançou muito nos últimos anos, seja nas crises ou na prevenção desses sintomas. Para as crises, atualmente dispomos do icatibanto (inibidor do receptor B2 da bradicinina) e o concentrado do C1 inibidor derivado do plasma. Na profilaxia a longo prazo, deve ser utilizado o concentrado do C1 inibidor derivado do plasma ou o anticorpo monoclonal anti-calicreína e como segunda opção, os andrógenos atenuados que podem ser associados com diversas reações adversas principalmente em mulheres e não podem ser utilizados em crianças e nas gestantes. Apesar desse avanço na terapia e da aprovação desses tratamentos pela ANVISA no Brasil, os pacientes do SUS não tem acesso a essas opções terapêuticas. O último Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêutica (PCDT), que norteia o tratamento desses pacientes no SUS, apenas indicou o uso do danazol para profilaxia de longo prazo e o uso de plasma fresco congelado para as crises. Para conseguir a terapêutica apropriada no SUS, a maioria dos pacientes necessitam de entrar com ações na justiça.

    O Grupo de Estudo Brasileiro de Angioedema Hereditário (GEBRAEH) composto por profissionais de saúde que lidam com angioedema hereditário, criado em 2014, tem trabalhado para uma maior divulgação e conhecimento dessa doença. Atualmente somos 52 membros e trabalhamos em parceria com a Associação Brasileira de Portadores de Angioedema Hereditário (ABRANGHE). No próximo dia 16 de maio de 2021 teremos mais um encontro virtual coordenado pelo GEBRAEH em parceria com a ABRANGHE para orientação dos diversos aspectos dos cuidados desses pacientes. Outra ação importante do GEBRAEH é solicitação de um novo PCDT que inclua novas opções terapêuticas aos pacientes do SUS. Finalmente, esse ano estamos elaborando as novas diretrizes terapêuticas do diagnóstico e tratamento do angioedema hereditário.

    Régis de Albuquerque Campos
    Presidente do Grupo de Estudos Brasileiros de Angioedema Hereditário (GEBRAEH)
    Coordenador do departamento científico de imunobiológicos da ASBAI
    Membro do departamento científico de Urticária e Angioedema da ASBAI

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